A Escola Estadual Irmã Dulce, situada no interior da Penitenciária Feminina de Abreu e Lima, uma cidade da região metropolitana do Recife (PE), trabalha na perspectiva de romper com um espaço opressor, vigilante e punitivo ao realizar atividades pedagógicas, artísticas e corporais pensando em uma formação integral do sujeito. Os projetos “Corpo em movimento” e “Canto que encanta” mobilizaram as estudantes de diferentes maneiras e exploraram habilidades artísticas e corporais diversas, fomentando um olhar mais generoso sobre si e, consecutivamente, a capacidade de imaginar futuros.
A Escola Municipal de Ensino Fundamental Saint Hilaire, localizada no bairro Lomba de Pinheiro, em Porto Alegre (RS), realiza ações articuladas pelas estudantes do coletivo “Garotas de Vermelho” para dialogar sobre a menstruação, tema ainda pouco conversado nas escolas e em casa. Além de debates sobre saúde, pobreza menstrual, vulnerabilidades sociais, violência de gênero, autocuidado, alimentação e bem-estar, as estudantes organizam uma rede de costureiras locais para a feitura de absorventes de pano distribuídos gratuitamente e realizam encontros virtuais e presenciais com ginecologistas, educadoras menstruais, coletivos estudantis e ativistas menstruais para a promoção da saúde menstrual no território.
A abertura da Educação de Jovens e Adultos (EJA) em Ribas do Rio Pardo (MS) foi motivada pela transformação industrial do município, que passou a exigir maior qualificação profissional da população. A Escola Municipal Professora Mareide Monteiro de Lima está situada no centro do bairro, onde se concentra o maior número de pessoas não escolarizadas, e tem mobilizado aprendizagens na perspectiva da inclusão social, digital, empregabilidade, resgate da autoestima, respeito e valorização dos saberes. Em diálogo com o território, a escola viabilizou visitas à capital do estado para que os estudantes pudessem, em sua maioria pela primeira vez, conhecer o Bioparque Pantanal, o Museu de Arqueologia e o Museu da Imagem e Som, além de assistir a espetáculos circenses e peças teatrais, fomentando também a participação cidadã.
A Unidade Municipal de Educação Infantil Rosalda Paim, localizada em Niterói (RJ), oferece, dentro do Programa de Pedagogia Hospitalar, atendimento pedagógico a crianças e estudantes em situação de hospitalização, desenvolvendo também diversas ações com as famílias, acompanhantes e funcionários do hospital. Nesse contexto surge o projeto “Inspirações para o bem viver: descolonizando o olhar”, que busca o enfrentamento das diversas formas de violência, alienação e exploração, como as decorrentes do racismo, do sexismo, do epistemicídio e do apagamento histórico-cultural de povos indígenas e africanos. As ações do projeto, que envolvem desde oficinas, literatura, circuitos pedagógicos, horta e formação de grupos de mães, pais e familiares, assumem a vocação da educação enquanto ato político, partilhando a potência do amor em contraposição ao domínio (e extermínio) do outro, de nós mesmos e da natureza.
Todos os 400 estudantes da Escola Estadual Indígena de Ensino Fundamental e Médio Cacique Domingos Barbosa dos Santos, de Rio Tinto (PB), residem na Aldeia Jaraguá, localizada na Terra Indígena de Monte Mor. Diante da constatação do colapso da nascente de água que abastece a aldeia, devido a fatores como a monocultura de cana-de-açúcar e o desmatamento, anteriores ao início do processo de demarcação da Terra Indígena, a escola passou a desenvolver o projeto “Reflorestamento, conservação e conscientização ambiental da Aldeia Jaraguá: os escolares protagonizam”, com ações de uso sustentável dos recursos naturais disponíveis, observando a educação escolar como agente de defesa do patrimônio natural e cultural. O projeto, em que a educação ambiental é parte fundamental, busca restaurar o meio ambiente, mas também capacitar as gerações futuras a se tornarem defensoras ativas da natureza, compreendendo que o aprendizado e a conscientização são tão importantes quanto as ações práticas de reflorestamento e conservação.
Ao analisar o acervo de sua biblioteca, a Escola Estadual Professor Andronico de Mello, localizada no bairro Jardim Colombo, na cidade de São Paulo (SP), notou que nem 10% dos quase 5 mil livros de seu acervo eram escritos por ou sobre pessoas negras e/ou indígenas. A partir dessa análise, foi construída, de forma coletiva e horizontal, a “Biblioteca Antirracista Marielle Franco”. Para engajar as e os estudantes, foi proposto um jogo em que cada sala deveria conseguir doações de livros e convidar palestrantes negros e indígenas, pensando no processo de identificação, representatividade e partilha de saberes. O intuito do projeto é criar um espaço de leitura e aprendizado para toda a comunidade escolar, formando sujeitos e cidadãos conscientes de sua história, sociedade e luta política por meio da representação positiva e do reconhecimento de autoras e autores negros, indígenas e quilombolas.
Os indígenas no meio urbano, além das dificuldades comuns na periferia, também lidam com discriminação e falta de reconhecimento de seus direitos enquanto povos originários, agravando o processo de perda de suas referências culturais e sociais. Na Escola Municipal Aristides José da Silva, em Betim (MG), uma estudante Pataxó foi à aula pintada com grafismos de sua cultura, gerando diversas reações entre estudantes e funcionários. Diante da necessidade de promover diálogos entre os diferentes saberes presentes no território, diversas ações têm sido realizadas, como oficina de escrita em Patxohã (língua Pataxó) com ênfase em termos de luta e resistência dos povos indígenas; manifestação contra a tese do marco temporal; intercâmbio cultural com a Aldeia Pataxó Katurãma; e criação, pelos estudantes indígenas, de um catálogo didático das pinturas corporais Pataxó, utilizando desenhos sensíveis ao tato e acessíveis a pessoas com deficiência visual.
A Unidade Integrada Demétrio Araújo Cerveira, localizada em um pequeno povoado da cidade de Tutóia (MA), desenvolve um projeto pedagógico com o intuito de destacar a importância do manguezal para a vida da comunidade, onde a maioria das famílias vive da extração de caranguejos e da agricultura de subsistência. As ações desenvolvidas compreendem a conservação do manguezal, destacam as principais características desse ecossistema, apresentam as diversas fontes de alimentos retirados do mangue e promovem ações voltadas à leitura, escrita, desenho, audiovisual e fotografia para sistematizar os aprendizados.
A educação ambiental para a sustentabilidade é um processo de aprendizado permanente, baseado no respeito a todas as formas de vida para a construção de uma sociedade justa e ecologicamente equilibrada. Em Boa Vista (RR), a Escola Municipal Francisco de Souza Bríglia desenvolveu com estudantes de EJA (Educação de Jovens e Adultos) o projeto “Terra de Macunaíma pede socorro!”, buscando entender e intervir sobre a situação do estado de Roraima: assolado pelo garimpo ilegal e pela contaminação dos seus rios por mercúrio. Ao difundir e inter-relacionar os conteúdos envolvendo as diversas áreas do conhecimento, a escola desempenha um papel fundamental na formação de cidadãos críticos, reflexivos e participativos, aptos a tomar decisões e realizar ações que sejam condizentes com a sustentabilidade e a garantia de uma vida de qualidade.
As periferias da cidade de São Paulo muitas vezes são representadas como centros de crime, drogas e violência, impondo aos seus moradores um estigma de exclusão e pressuposta criminalidade. Esse grande abismo social é refletido na linguagem, através do preconceito contra as variedades linguísticas regionais e sociais. Diante desse cenário, a Escola Municipal de Ensino Fundamental Altino Arantes, localizada na Zona Leste da cidade de São Paulo (SP), desenvolveu um projeto de acolhimento de relatos sobre violação de direitos linguísticos de estudantes de EJA (Educação de Jovens e Adultos), seus familiares ou amigos. Por meio desse processo, a escola busca fazer com que as e os estudantes conheçam as variações e a caracterização de sua identidade linguística, construindo autoestima e respeito aos diferentes falares da comunidade.
Av. Eng. Heitor Antônio Eiras García, 1870 - Jardim Esmeralda, São Paulo - SP, 05588-001
Brinca CEU
O projeto “BrincaCEU”, desenvolvido no CEU Butantã desde 2015 é estabelecido a partir de uma proposta consonante com as diretrizes da educação integral, visa proporcionar aos alunos, às famílias e à comunidade frequentadora do CEU um momento de interação multigeracional por meio do brincar. A ação consiste na elaboração de um calendário anual dedicado a um conjunto de brincadeiras e jogos que visam potencializar a criatividade, a coletividade, o desenvolvimento artístico, assim como o livre brincar. Esses conjuntos são construídos a fim de atender a toda comunidade frequentadora do CEU, integrando alunos desde a educação infantil ao EJA. O BrincaCEU se tornou uma alternativa de lazer importante para o território, já que, além de ser uma demanda de alunos e moradores da região, é também um projeto itinerante, ampliando sua área de atuação para outras unidades escolares como o CEMEI Jaqueline e o CEMEI Chácara do Jóquei, mas também em outros espaços públicos como, por exemplo, a Paulista Aberta. Ao estimular o convívio entre crianças e adultos, o projeto aponta para a potência do brincar enquanto prática inclusiva e se revela uma forma importante de resgate e valorização de uma cultura da infância.
Av. Coronel Manuel Py, 168 - Lauzane Paulista, São Paulo - SP, 02442-090
Escola e museu – uma experiência possível e necessária
Conhecer e usufruir a cidade, utilizando o transporte público, exercendo a cidadania embasada nos direitos humanos.
O projeto desenvolvido pela EMEF Professora Nilce Cruz Figueiredo, localizada no bairro Lauzane, zona norte de São Paulo, busca estimular o uso do transporte público e intensificar o diálogo da comunidade escolar com a cidade. Ao realizar saídas culturais com os alunos do 6º ao 9º ano, o projeto visa fomentar não só a participação desses jovens na vida ativa da cidade, possibilitando o acesso a museus, atividades artísticas, projetos sociais e encontros poéticos em diversos pontos do território, como também aproximar os alunos da sua própria cidade, como cidadãos.
Os gestores realizam parcerias com as empresas de ônibus municipais e com o metrô, para que possam assegurar o auxílio no embarque e desembarque dos alunos, inclusive dos estudantes com deficiência ou mobilidade reduzida.
A importância desse projeto se estende para além da comunidade escolar, pois, ao alterar a dinâmica convencional da cidade, encoraja a população a voltar seus olhares aos temas da mobilidade urbana e do direito a cidade.
R. Peribebui, 251 - Alto da Lapa, São Paulo - SP, 05084-050
Escola e museu – uma experiência possível e necessária
A EMEI Dona Leopoldina está localizada no Alto da Lapa e atende 235 crianças de 4 a 5 anos em período integral. A escola possui diversos espaços multiplicadores: ateliê de arte, de costura, sala verde para o manejo da terra, da argila e de tintas naturais, pomar, um refeitório dividido em laboratório e cozinha experimental, assim como uma sala multimídia, também usada para cinema, teatro e dança, e que abriga uma biblioteca. O projeto “Escola e Museu – uma experiência possível e necessária” é uma parceria entre a escola e o Museu da Casa Brasileira, que busca aprofundar a discussão sobre a arte e o fazer artístico das crianças.
A ação promoveu uma intensa formação dos professores junto aos educadores do MCB, que aguçavam questões sobre a produção artística infantil e a importância da escuta no processo individual e coletivo do fazer e pensar a arte.
A partir desses estudos os professores passaram a reconhecer e valorizar ainda mais as vozes infantis, entendendo as crianças como autores e apreciadores da arte. As crianças e os professores passaram a desenvolver curadorias conjuntas para a realização de exposições dos trabalhos feitos pelos alunos; os desenhos produzidos pelas crianças se tornaram projetos arquitetônicos para a construção da tão sonhada casa na árvore, que contou também com a ajuda da comunidade para sua construção.
Inspirados pelas atividades e discussões propostas pelo Museu e pela escola, o Conselho Mirim da EMEI Dona Leopoldina enviou sugestões de intervenções estéticas na cidade para o prefeito regional, amplificando a relação com o território.
Nessa experiência, escola e museu se encontram em um lugar de troca de saberes, possibilitando novos olhares para as práticas pedagógicas de ambos.
R. Francisco José de Barros, 160 - Vila Inacio, São Paulo - SP, 05211-150
O Haiti é aqui...em Perus!
O projeto consiste em uma pesquisa intensa sobre o bairro de Perus, território onde está inserido o Centro Integrado de Educação de Jovens e Adultos - CIEJA Perus I. Verificou-se, a partir de conversas com lideranças locais, o constante crescimento da comunidade haitiana no bairro. Atualmente há cerca de 700 imigrantes haitianos morando na região, sendo que 190 estão regularmente matriculados nessa unidade escolar.
Atento às questões sociais e culturais desses alunos, o CIEJA Perus I reorganizou o seu currículo a fim de integrar a comunidade haitiana no ambiente escolar. Formaram turmas para ensino reforçado de Português, História e Geografia do Brasil, além de aulas sobre aspectos mais específicos da cidade de São Paulo e do Bairro de Perus.
As diversas ações de integração entre alunos haitianos e brasileiros promovidas pela escola, culminaram na “Festa Cultural”, uma festa de valorização da cultura haitiana, que contou com música e culinária típicas da região do Haiti. Além de alunos e professores, moradores da região também participaram e colaboraram com a festa.
O projeto busca desenvolver um currículo integrador, atento às demandas do território e a inclusão de imigrantes em nossa sociedade, para que se sintam acolhidos e tenham acesso a direitos básicos. Como um dos resultados dessa integração os alunos haitianos planejam aulas de frânces e creole abertas para toda a comunidade a fim de complementar as ações da escola.
Rua Gabriel de Carvalho, 60Jardim Boa Vista - São Paulo - SP CEP: 05583-080
Projeto Memórias - Pesquisa Colaborativa na Escola e na Comunidade
O “Projeto Memórias” teve início em 2010 através de uma parceria entre a Universidade de São Paulo e a EMEF Solano Trindade, localizada no Jardim Miriam, zona sul de São Paulo. O projeto busca resgatar, valorizar e preservar a memória do bairro, da escola e dos sujeitos que ocupam o espaço escolar para que assim todos possam se sentir pertencentes ao local onde vivem e estudam.
Foram criadas diversas frentes de estudos interdisciplinares junto aos alunos de 1º a 9º ano que envolviam: reconhecimento e valorização da história do bairro através de visitas a diversos espaços e a diversos sujeitos importantes para a comunidade, estudo da topografia e paisagem local e uma pesquisa sobre a biografia de Solano Trindade, patrono da escola. A partir desse conjunto de ações a escola inaugurou o “Memorial Solano Trindade”, um espaço que conta com documentos textuais e iconográficos sobre as memórias locais e com um acervo sobre a obra do referido patrono. O material disposto no memorial é organizado em conjunto com os alunos e parte do acervo é exposto periodicamente e as exposições são abertas para toda a comunidade.
O projeto estabeleceu parcerias com moradores e equipamentos locais para a manutenção da escola e do entorno, como a diminuição de lixos em córregos e a conservação conjunta do prédio da escola, além de uma aproximação com a própria família de Solano Trindade, que participa ativamente de atividades escolares fortalecendo, assim, a relação entre a escola e o território.
R. Comendador Nestor Pereira, 285 - Canindé, São Paulo - SP, 03034-070
Roteiro de Aprendizagem “ Gênero e diversidade” – Um diálogo pedagógico e social
Diante da necessidade de rediscutir o currículo da escola, a fim de estabelecer um novo diálogo com os adolescentes, os professores da EMEF Infante Dom Henrique, localizada no bairro do Canindé, zona norte de São Paulo, desenvolveram o projeto “Roteiros de Aprendizagem”, destinados aos alunos do 8º ano. Esse projeto consiste na elaboração de um material de estudo sobre o tema “Gênero e Diversidade” onde assuntos como violência contra a mulher, racismo e homofobia são abordados de uma forma interdisciplinar.
O território Pari-Canindé foi cenário do livro “Quarto de Despejo”, de Carolina Maria de Jesus, que aponta em seu enredo questões como desigualdade, falta de acesso a bens materiais e culturais e violência contra a mulher. A escolha do tema “Gênero e Diversidade” surge do resultado de conversas com toda a comunidade escolar, alunos, professores e familiares que, por meio do levantamento da história do bairro, apontaram para diversas questões sociais destacadas por Carolina Maria de Jesus em seu livro.
Frente a essas percepções o projeto “Gênero e Diversidade” desenvolveu diversos encontros entre territórios, onde alunos, comunidade e instituições parceiras se encontravam para discutir e aprofundar a temática visando a investigação, a reflexão e a realização de ações relacionadas a um tema comum e importante para todos, fortalecendo, assim, o entendimento de cada um sobre seus papéis enquanto cidadãos.
R. Benedito Pereira, 206 - Jardim Libano, São Paulo - SP, 05138-120
Teatro em Libras - A revolução dos bichos
A EMEBS Vera Lúcia Aparecida Ribeiro é uma escola municipal de educação bilingue (Libras - Português) para alunos surdos e com deficiências múltiplas associadas a surdez. Atende, atualmente, cerca de 170 alunos entre crianças, jovens e adultos do bairro de Pirituba.
O projeto “Teatro em Libras – A revolução dos bichos” busca fomentar o processo de inclusão e sociabilização dos alunos surdos de 7º, 8º e 9º ano, através do desenvolvimento de atividades artísticas feitas em conjunto com professores e alunos ouvintes. Os pais desses alunos surdos também são foco desse projeto, pois que, em sua maioria, não têm domínio da língua brasileira de sinais.
Todas as etapas de elaboração da peça (escolha de figurino, construção de cenário, texto, etc.) foi desenvolvida pelos alunos e professores.
A peça ultrapassou os muros da escola e foi apresentada em outras unidades de ensino e também para o público ouvinte em LIBRAS e em português.
R. Alm. Alexandrino, 541 - Vila Invernada, São Paulo - SP, 03350-010
Território do saber - Trabalho de Campo
O projeto “Território do Saber: Trabalho de Campo” surge da necessidade de aprofundar e enriquecer os estudos sobre a questão cultural e socioambiental na cidade. As aulas dos alunos do 4º ao 9º ano da EMEF Emiliano Di Cavalcanti foram ampliadas através de saídas investigativas pelo território que possibilitam a utilização da cidade como expansão do espaço escolar.
Nestas experiências os estudantes transitam por espaços públicos e privados na cidade com um olhar investigativo e explorador, levantando questões e potencialidades sobre o território, que são discutidas em sala de aula. O projeto conta com a colaboração de ex-alunos, professores e contadores de histórias, que potencializam e aguçam as discussões.
R. Alm. Alexandrino, 541 - Vila Invernada, São Paulo - SP, 03350-010
Um rio que passou em minha vida
O projeto “Um rio que passou em minha vida” é desenvolvido com o grupo de EJA (Educação de Jovens e Adultos) e propõe um aprofundamento do processo de urbanização da região de Cidade Ademar a partir das histórias pessoais dos alunos, das suas origens e do resgate da memória das águas.
São feitos estudos dos rios e córregos que circundam a região de morada de cada aluno, problematizando o modo como vivem e as formas como se relacionam com este espaço. Para ampliar o estudo são feitas visitas em equipamentos culturais e realizados encontros com grupos musicais de choro e samba da região, gêneros musicais profundamente ligados a história do bairro e a todo movimento de transformação do território. Há também parcerias com coletivos que desenvolvem ações para pensar a questão urbana e hídrica da cidade.
Esse projeto valoriza memórias individuais e coletivas e faz com que os participantes entendam melhor os próprios percursos para assim gerarem novas sensibilidades e saberes necessários para ser e estar no mundo.
R. Onófre Jorge Velho, 260 - Cidade Líder, São Paulo - SP, 08280-330
Vamos jogar limpo?
"Vamos jogar limpo? O entorno escolar e o caminho para aprender juntos” é uma ação político-pedagógica da EMEF Sebastião Francisco, o Negro, localizada no bairro de Cidade Líder, zona leste de São Paulo. O projeto buscou, inicialmente, tratar de um problema grave de descarte de lixo na fachada da escola, o que acarretava, além de problemas de saúde pública, uma difícil relação entre a escola e os moradores de seu entorno.
A fim de repensar essa relação o projeto fomentou parcerias com empresas de descartes de lixo e coleta seletiva e com a subprefeitura. Também promoveu ações de conscientização entre os alunos de 1º a 9º ano e seus familiares sobre a importância do descarte correto de resíduos.
Através do engajamento de todos os participantes, a comunidade também se apropriou do problema e passou a buscar soluções conjuntas com a escola, estreitando as relações com o poder público para a resolução, não só deste caso, como de outros problemas do bairro. Essa ação tem possibilitado a criação de redes de contato e trocas de saberes entre escola e bairro através da união de ideias e ações para a melhoria dos locais onde vivem e estudam, estreitando seus laços com o território.
Reserva Indígena Maxakali do Pradinho, 0, Bertópolis - MG, 39875-000
Em março de 2020, a equipe gestora da Escola Estadual Indígena Capitãozinho Maxakali, localizada na Terra Indígena Maxakali de Bertópolis (MG), recebeu um Plano de Estudos Tutorado (PET) desenvolvido pela Secretaria Estadual de Educação para dar continuidade às atividades escolares no contexto da pandemia. A escola Maxakali é dinâmica e atemporal, e tudo que se desenvolve lá deve começar pelo próprio território. Assim, respeitando as necessidades locais, a escola construiu seu próprio PET com base na cultura e na língua Maxakali. Na escola, a interdisciplinaridade e a transdisciplinaridade acontecem de forma natural e as pessoas da comunidade, que atuam como professoras e professores, têm autonomia para escolher o lugar e o tempo para ajudar suas crianças.
Rua Do Colegio, SN- Centro, Ipojuca - PE, 55592972
Como dar continuidade às experiências em laboratório no ensino remoto de ciências? Como aumentar o interesse pelas aulas remotas? Buscando solucionar essas questões, a Escola de Referência em Ensino Médio de Ipojuca (PE) decidiu levar o laboratório de ciências até as casas. Cada estudante construiu seu próprio laboratório, feito com materiais reutilizados, e produziu repelentes e larvicidas sustentáveis e naturais contra o mosquito Aedes aegypti, causador da dengue. Além da adesão de docentes de Biologia, Química, Física e Matemática, o projeto contou com o apoio de familiares e comunidade, que auxiliaram na construção dos laboratórios e na captura de larvas e mosquitos para a realização dos testes.
R. Onze, 40 - Cidade Operária, São Luís - MA, 65058-232
O projeto “Minha quebrada tem história”, elaborado por estudantes e docentes do Centro de Ensino Cidade Operária II, teve como mote a busca pela historicidade das periferias, dos bairros populares e dos conjuntos habitacionais de ocupação recente na cidade de São Luís (MA), além da valorização das comunidades, de seus territórios e dos saberes dos e das estudantes. Diante das restrições de acesso à internet enfrentadas pela comunidade, o formato escolhido para registro e divulgação das pesquisas foi o áudio, culminando em um podcast com 14 episódios que têm como enfoque a cultura, a história e os acontecimentos relevantes dos territórios abordados.
Praça Santa Cruz, s/n, Leopoldina - MG, 36708-000
Na pandemia, o desafio de proporcionar educação pública e de qualidade se tornou maior, principalmente pela dificuldade de acesso às tecnologias. Essa situação motivou a equipe da Escola Estadual Doutor Pompílio Guimarães, localizada em Leopoldina (MG), a criar o projeto “Escola fechada, educação em movimento!”. Para desenhar as estratégias utilizadas, a escola se orientou pela valorização dos saberes que são possíveis de serem construídos no território; pela minimização dos efeitos da pandemia no trabalho pedagógico, na aprendizagem e na rotina das famílias; e pela manutenção de vínculos com a comunidade. Ao levar os materiais até as casas dos e das estudantes, a equipe da escola transformou o desafio de garantir educação na pandemia em uma oportunidade para estreitar ainda mais os laços com a comunidade, aprofundar a vivência no território e acolher estudantes e famílias.
Rua Floriano Peixoto, 500, Centro - Pastos Bons - MA, 65870-000
No ano de 2020, o Centro Educa Mais Professor Ribamar Torres, localizado na cidade de Pastos Bons (MA), ofereceu uma disciplina eletiva, envolvendo biologia, química e matemática, para discutir sobre a pandemia de covid-19 e as Fake News. Aberta a estudantes, familiares e comunidade em geral, a disciplina contou com a participação de pessoas pesquisadoras do Brasil e de países como México e Índia. O levantamento e a análise de informações disponíveis na internet foram feitos por estudantes, com auxílio da equipe docente, resultando na elaboração de jogos, como o “fato ou fake”, e de uma cartilha informativa intitulada “Para a COVID não me convide”, abordando os mitos e verdades sobre a doença.
Rua Paulo Eiró, 567 - Santo Amaro, São Paulo - SP, 04752-010
O projeto “Fazendo cinema em casa”, realizado pela Escola Municipal de Educação Infantil Borba Gato, de São Paulo (SP), em parceria com a Associação Cultural Kinoforum, trabalhou a sensibilização do olhar e a iniciação à produção de vídeos, resultando na criação de um curta-metragem. As diretrizes do filme foram elaboradas junto aos próprios participantes, permitindo que as famílias pudessem criar livremente suas próprias obras e, ao mesmo tempo, revelando quais eram as principais questões, preocupações, reflexões e pensamentos que as crianças desejavam expressar durante a pandemia. Ao final, o curta foi exibido no 31º Festival Internacional de Curtas-Metragens de São Paulo.
R. Gervazio Braga Pinheiro, 427 - Lomba do Pinheiro, Porto Alegre - RS, 91570-490
Durante o ano de 2020, a Escola Municipal de Ensino Fundamental Saint-Hilaire, Porto Alegre (RS), e o Grupo de Mediadoras(es) de Leitura Luísa Marques, fundado em abril de 2019 e composto por 10 estudantes da escola, se reuniu por meio de videoconferência para estudar e pensar em propostas para abordar a saúde mental, desenvolvendo ações de promoção à leitura que contribuíram para a valorização da vida e abriram espaços para falar de si, para o diálogo e para a reflexão. Além disso, foi criado um dispositivo comunicacional que fazia ligação da escola com a comunidade, convidando estudantes, docentes e famílias a escreverem sobre como estavam se sentindo.
R. Cora Coralina, 831 - Santos Dumont, São Leopoldo - RS, 93113-220
Com a chegada da pandemia, a Escola Municipal de Ensino Fundamental Cândido Xavier, de São Leopoldo (RS), deu início ao projeto “Tudo o que temos é isso: uns aos outros”, fundamentado no compromisso da Chico (como a escola é chamada pela comunidade) com a permanência e a aprendizagem de todos e todas estudantes, identificando suas limitações e potencialidades em prol do seu desenvolvimento integral. A proposta inicial era a manutenção de vínculos com as famílias, para que não houvesse evasão, criando formas de contato que amenizassem as restrições impostas pelo distanciamento social. Porém, gradativamente as ações foram sendo ampliadas, com auxílio às tarefas escolares, promoções solidárias e intervenções diretas na comunidade, até envolver a escola como um todo.
R. Vitória, 2924 - St. 3Ariquemes - RO, 76800-000
A Escola Municipal Educação Infantil e Ensino Fundamental Chapeuzinho Vermelho realizou o projeto “Arte: riquezas da nossa região” com o objetivo de sensibilizar o olhar para o ensino da arte e para a cultura da região de Ariquemes (RO). Com abordagens e assuntos próximos do contexto da escola e de seu território, como a natureza presente na região e a influência da cultura indígena, destacando alguns artistas locais que utilizam recursos naturais (como fibras, madeira, argila, sementes e castanhas), estudantes puderam experimentar e vivenciar diferentes formas de expressão artística, fazendo uso sustentável de materiais, instrumentos, recursos e técnicas convencionais e não convencionais. Ao final, foram feitos livros digitais com as obras criadas.
Av. Dom Bôsco, 6961A - Maurício de Nassau, Caruaru - PE, 55012-550
O bioma da caatinga, único com distribuição geográfica exclusivamente brasileira, é o assunto do trabalho desenvolvido pela Escola Técnica Estadual de Caruaru Nelson Barbalho (PE). Estudantes da escola, majoritariamente residentes na área rural e com algum conhecimento sobre as plantas medicinais e os locais onde elas podem ser encontradas, realizaram individualmente a investigação e a exploração, criando um catálogo com informações e curiosidades sobre as espécies e os procedimentos a serem realizados para o uso. Posteriormente, será criado um ambiente para cultivo coletivo das espécies, reforçando a importância da escola dentro da comunidade e seu papel como fornecedora reconhecida de plantas medicinais da caatinga.
MENÇÃO HONROSA
R. Dr. Meira Pena, 33 - Vila Lourdes, São Paulo - SP, 08410-080
Em março de 2020, a equipe gestora e o corpo docente do Centro Integrado de Educação de Jovens e Adultos Perus I, São Paulo (SP), ouviu seu território e compreendeu que as demandas sociais haviam se imposto sobre as demandas pedagógicas. Para garantir à comunidade escolar o direito à alimentação, a escola organizou uma arrecadação de fundos para a distribuição de cestas básicas e de vales-compras em um mercado do bairro, visando fomentar a economia local e oferecer aos discentes a possibilidade de complementar as doações com itens de sua escolha. Assim, foi possível manter os vínculos entre escola e estudantes e dar continuidade às ações pedagógicas, além de oferecer também suporte emocional. A ação, chamada de “CIEJA Solidário”, foi uma das formas encontradas pela escola para materializar o “inédito viável” enunciado por Paulo Freire em Pedagogia do Oprimido.
MENÇÃO HONROSA
Tv. Bruxelas - Santa Monica, Feira de Santana - BA, 44055-470
O “Projeto Natureza Lúdica”, desenvolvido na Pré-Escola Municipal Alda Marques, Feira de Santana (BA), nasceu em 2018, mas sua urgência foi intensificada com a pandemia, que fortaleceu a união entre escola e território. A escola compreende a requalificação da área natural escolar, tema do projeto, como meio de desenvolvimento das múltiplas linguagens, do protagonismo infantil e do apreço à natureza. No processo, foram elaboradas maneiras de escutar as crianças, suas famílias e a comunidade do entorno, que participou de discussões sobre a requalificação da praça e as melhorias da infraestrutura. Com base nas identidades diversas das pessoas que habitam o território, o projeto deixa como legado a estruturação do espaço natural da escola para o desenvolvimento contínuo do currículo voltado ao meio ambiente.
MENÇÃO HONROSA
Rua Coronel Salvador de Moya, 263 - Vila Alba, São Paulo - SP, 05368-020
Durante a pandemia de covid-19, equipe gestora, estudantes e comunidade da Escola Municipal de Ensino Fundamental Ibrahim Nobre, São Paulo (SP), realizaram um conjunto de ações que deram origem ao projeto “A poética do espaço: literatura, bosque, horta e jardim no território do Ibrahim”. Unindo literatura e agrofloresta, o projeto busca valorizar e recriar não apenas os espaços da escola, mas todo o território escolar. As ações transpuseram a definição de aprendizagem formal, movimentando saberes complementares aos conteúdos curriculares, como a valorização dos espaços públicos, o exercício da cidadania, a vivência da coletividade, o conhecimento do território e o tempo da natureza.
MENÇÃO HONROSA
R. Pompílio de Albuquerque, 62 - Encantado, Rio de Janeiro - RJ, 20745-120
A partir de experimentações com uma ferramenta de criação de histórias em quadrinhos, a professora Viviane da Escola Municipal Tobias Barreto, Rio de Janeiro (RJ), idealizou o “Projeto Pedagógico Antirracista HQ da Tia Vivi”, disponibilizado no Instagram @hqdatiavivi, onde a professora e sua família são os personagens que, em diálogos domésticos, tratam de temas históricos e atuais sobre as relações raciais no território da escola e no Brasil. Em parceria com a professora Andreza, também da rede municipal do Rio de Janeiro, as tirinhas passaram a ser transformadas em vídeo, com o objetivo de democratizar o acesso e expandir o alcance do material paradidático produzido na escola.
MENÇÃO HONROSA
Av Cel Antonio Lehmkuhl, 579 - Centro, Águas Mornas - SC, 88150-000
“Mais do que uma hashtag, vidas negras importam” foi o tema da iniciativa pedagógica desenvolvida na Escola de Educação Básica Coronel Antônio Lehmkuhl, em Águas Mornas (SC), onde o 6º ano do ensino fundamental estudou conteúdos sobre as relações raciais no Brasil.
Além de possibilitar um aprofundamento no assunto, as discussões se tornaram espaços de troca de conhecimentos, experiências e relatos de situações de violência vividas ou presenciadas por estudantes. Por meio de um trabalho de escuta, foi possível fazer com que a reflexão sobre o racismo se estendesse também às famílias. A última etapa da iniciativa foi a realização de intervenções artísticas, entendidas como um ato político educacional ao agenciar de forma criativa e autônoma os conhecimentos adquiridos.
Comunidade Manasa Santa Rita, Manasa, Porto Barreiro - PR, CEP: 85345-000, Paraná
A Escola Rural Cândida Oliveira Luz, em Porto Barreiro (PR), está situada no meio rural, em um acampamento com 24 anos de história onde vivem e trabalham cerca de 140 famílias. Atualmente conta com 35 estudantes matriculados e funciona de forma multisseriada. O projeto pedagógico da escola envolve toda comunidade em um trabalho de investigação da fauna e dos saberes locais, utilizando passeios, pesquisas de campo e fotos antigas. A multidisciplinaridade e a integração da comunidade fazem parte do projeto pedagógico da escola, que alia o conhecimento às práticas do dia a dia, compreendendo que o trabalho na agricultura é fundamental para alimentar não apenas a comunidade, mas também outros territórios. A escola desenvolve um projeto de educação que tem como objetivos não somente aprimorar a formação dos estudantes e melhorar seus conhecimentos, mas também alimentar esperanças e sonhos por meio do fortalecimento dos laços com os alunos, pais e comunidade escolar como um todo, reconhecendo e valorizando os saberes locais.
Area Especial 1, 25 - Jardim Brasília, CEP: 72910-001 - Águas Lindas de Goiás - GO
Em janeiro de 2022, o Colégio Maria do Carmo Lima, em Águas Lindas de Goiás (GO), criou o Cine EducAlimentação como forma de enfrentamento à insegurança alimentar que muitos dos estudantes vivem e que se agravou durante a pandemia. O cineclube veio como ferramenta para abordar assuntos mais complexos, como as políticas públicas para alimentação, com o objetivo de incentivar a juventude a conhecer as estratégias para a construção de uma sociedade sem fome. Uma vez por mês, em turmas do Ensino Fundamental II, é realizada uma sessão de cinema seguida de debate com convidados e disponibilização de lanche saudável oferecido por parceiros locais. Nos debates, as pautas são a pandemia e a fome, agricultura familiar, trabalho e comida, a relação entre campo e cidade, trabalhadores feirantes, o PNAE (Plano Nacional de Alimentação Escolar) etc. As estratégias para a realização do projeto se baseiam em parcerias, construções coletivas, escuta ativa da comunidade escolar, engajamento de estudantes, divulgação e merenda escolar de qualidade alinhada ao debate interdisciplinar, apresentando as políticas do Estado e suas responsabilidades sobre o assunto.
R. François Bunel, 250 - Parque Bristol, São Paulo - SP, CEP: 04193-310
No início de ano de 2021, a CIEJA Clóvis Caitano Miquelazzo, em São Paulo (SP), realizou uma pesquisa que apontou que 48% dos estudantes estavam desempregados, 51% dependiam do auxílio emergencial e, daqueles que estavam trabalhando, cerca de 50% tinham carteira assinada, muitas vezes em postos precarizados. Em vista dessa situação, a gestão escolar notou que questões referentes ao mundo do trabalho necessitavam urgentemente de reflexão. A isso se somava a dificuldade do uso de tecnologias, visto que, no período que antecedeu o projeto, muitas ações educativas realizadas exclusivamente em plataformas tecnológicas falharam. Foi traçado um percurso formativo, por meio do método de projetos, para que os estudantes pudessem se apropriar dos conceitos de economia criativa, cooperativismo, sindicalismo, direitos trabalhistas, ferramentas tecnológicas e outros. A iniciativa culminou na Semana de trabalho e tecnologia: na trilha da solidariedade, com ações que visavam possibilitar caminhos para que os estudantes vencessem a vulnerabilidade. Tendo em vista que não havia recursos para contratação de formadores além dos professores, a escola mapeou as habilidades das pessoas da comunidade para a realização de oficinas, workshops e palestras, de forma remota e presencial, para que os estudantes pudessem conseguir formas de gerar renda e colocar-se no mercado de trabalho.
Est. Álvaro Elidio Gonçalves, Búzios - RJ, CEP: 28950-000
A Escola Quilombola Professora Lydia Sherman, em Armação dos Búzios (RJ), está inserida em uma região de remanescentes quilombolas. Em diálogo com esse contexto, o projeto da escola e as propostas de atividades buscam sempre uma abordagem interdisciplinar, que vem sendo desenvolvida de forma a promover cada vez mais a pluralidade cultural, permitindo a preservação e a valorização da cultura quilombola. No ano letivo de 2022, a escola teve como principal objetivo o resgate da cultura dos seus discentes e a aproximação das famílias, com aprendizagens trabalhadas por meio das diferentes linguagens, como a música, a dança, o teatro, as contações de histórias, a capoeira, brincadeiras cooperativas e atividades de arte e reciclagem, contribuindo com o desenvolvimento da coordenação motora e a ampliação de vocabulário e repertório histórico provenientes da comunidade. Dentre as ações desenvolvidas, destacam-se o Dia Municipal Quilombola; o Sábado da Família; a apresentação de maculelê pelos alunos em comemoração aos 134 anos da abolição da escravatura; a regulamentação do nome oficial da sala de leitura, no qual a homenageada é uma ex-aluna pertencente à comunidade, quilombola e funcionária da escola; e a publicação da lei de mudança do nome da escola para Escola Municipal Quilombola.
R. Pico das Águas - São Geraldo, Manaus - AM, CEP: 69030-680
A Escola Professor Waldir Garcia, em Manaus (AM), localiza-se em uma área que sofre as consequências do tráfico de drogas, enchentes e incêndios, atendendo uma comunidade de alta vulnerabilidade social. Diante desse cenário, a equipe gestora realizou mudanças organizacionais que pudessem melhorar a educação e transformar vidas. Como mecanismo de gestão, adotou-se a intersetorialidade, constituindo o caminho para integração das ações, saberes e esforços da escola com os diferentes setores da política pública. A partir de encontros com mães, pais e funcionárias(os), decidiu-se focar na concepção de educação integral e no tempo integral para os estudantes. Por meio de assembleias semanais para as tomadas de decisões e grupos de trabalho com a participação de pais, merendeiras e demais funcionárias(os), todos foram corresponsabilizados pela aprendizagem, criando uma escola articulada com a comunidade e a sociedade. No decorrer dos encontros e estudos coletivos, a escola começou a reescrever seu Projeto Político Pedagógico e a elaborar uma nova proposta pedagógica pautada pela educação integral, constituindo-se um laboratório vivo onde a teoria é colocada em prática conforme vão se desenvolvendo os estudos e discussões.
Linha de Acesso Praias Rodesindo Pavan S/N - Taquaras, Balneário Camboriú - SC, CEP: 88333-120
O Núcleo de Educação Infantil Taquaras, em Balneário Camboriú (SC), articula-se com o território de vida das crianças que atende, dando visibilidade, para os saberes e fazeres que já desapareceram ou estão em risco de desaparecimento, como o trabalho dos pescadores artesanais, os pássaros quero-queros que habitam o espaço, a música da folia do terno de reis e tantas outras práticas que circulam pela comunidade e atravessam os muros da escola. No projeto iniciado em 2021, o interesse pela produção artesanal de farinha de mandioca surgiu das próprias crianças, animadas pelas histórias de um colega, membro da família que mantém um engenho em funcionamento há mais de 100 anos. Além de pesquisas e mapeamento dos saberes das crianças, foi utilizado o jogo “Na trilha do engenho da mandioca”, aliando a brincadeira às conversas sobre cada etapa do processo. Também foi criado um cartaz-memorial usando fotos e informações retiradas do livro “Rodar do Engenho”, que aborda as pessoas que ainda resistem no trabalho agrícola na comunidade produzindo farinha de mandioca de maneira artesanal. Através da escuta ativa, que identificou o interesse das crianças, foi possível dar visibilidade para uma manifestação cultural centenária e fortalecer o sentimento de pertencimento e de valorização da cultura.
Praça da República, 350 - República, São Paulo - SP, CEP: 01045-000
O Projeto motoca na praça, desenvolvido pela Escola Armando de Arruda Pereira, em São Paulo (SP), surgiu da necessidade de ativar experiências das crianças com e na cidade, utilizando as saídas com as motocas como um disparador. As saídas acontecem semanalmente e são acompanhadas por rodas de conversas com as crianças antes e depois dos passeios, interações com transeuntes, visitas a equipamentos culturais e registro das vivências por meio de desenho e fotografia. Ao propiciar experiências lúdicas com as motocas para além do chão da escola, o projeto destaca o território como espaço de aprendizagem e de experiência para as crianças, além de contribuir para a visibilidade da infância na cidade – especificamente na região central de São Paulo – e fortalecer as relações com o território por meio de parcerias com vizinhos, serviços, instituições e equipamentos culturais e sociais da região. Diferentemente de um passeio escolar que ocorre de modo eventual, as saídas de motoca compõem vivências cotidianas das crianças, assim como ir ao parque, tomar lanche ou ir à brinquedoteca, demandando sensibilidade das(os) educadoras(es) para reconhecer os ritmos urbanos e fazer uso deles com as crianças. Registros das saídas podem ser vistos no Instagram: @projetomotocanapraca.
Rua Floriano Peixoto, 500 Centro. CEP: 65870-000 Pastos Bons - MA
Com o objetivo de engajar alunos em atividades práticas a partir de temas transversais contemporâneos que contemplassem os ODS, relacionando meio ambiente e saúde com a vivência e experiência de cada um, o Centro Educa Mais Professor Ribamar Torres, em Pastos Bons (MA), iniciou a disciplina eletiva Olhos nos olhos. Partindo de aulas de campo para mapear e identificar as nascentes na cidade, foram feitos georreferenciamento no celular, mapas interativos, mutirão de limpeza das nascentes e exsicatas com plantas nativas. Para a culminância da eletiva, foi produzida uma sala temática com apresentações dos alunos sobre as nascentes visitadas, exposição de fotos e de plantas catalogadas. Após estudantes manifestarem desejo de continuidade das aulas de campo com as plantas do cerrado, foram elaborados roteiros para produção de vídeos disponibilizados no TikTok @cienvivencia. Com a participação de professoras(es), raizeiros, benzedeiros e artesãos da comunidade, foram realizadas oficinas sobre etnobotânica e artesanato, além de aulas sobre etnomatemática e PANCs, com coleta de frutos nativos para a produção artesanal de alimentos na escola com as merendeiras, e também na casa de estudantes e de professores. Partindo da investigação do território e dos saberes da comunidade, a disciplina eletiva possibilitou a discussão de importantes temas associados ao currículo, como racismo ambiental, diversidade socioambiental e biocultural, saber ancestral e sustentabilidade, ecologias e modos de vida, alfabetização em futuros, identidade e territórios, memória e resistência.
Praia do Baré, s/no, Ponta Grossa - Paraty-RJ Zona Costreira
A cartilha Seu Joaci e o tempo, desenvolvida na Escola Municipal João Apolônio dos Santos Pádua, em Paraty (RJ), em parceria com o marinheiro, caiçara e barqueiro Joaci Reis, responsável pelo transporte de estudantes, é o resultado da pesquisa de etnometeorologia – a previsão do tempo popular – sob o ponto de vista do pescador ou marinheiro nativo da zona costeira de Paraty. Os conhecimentos da rosa dos ventos, estudo das marés, direção e intensidade dos ventos, formação de ondas e leitura do tempo são parte do cotidiano da comunidade costeira, e os marinheiros que conduzem o transporte marítimo diariamente são fundamentais para que as aulas ocorram, pois as crianças moram em ilhas, enseadas, praias, encostas costeiras e pontas. Nesse encontro diário, a observação de como o experiente marinheiro conversa com o tempo e a criação de “retratos falados” dos tipos de nuvens tornaram possível a proteção da memória do povo caiçara por meio do compartilhamento de seus saberes. A partir do reconhecimento do território onde a escola está inserida, criam-se condições pedagógicas para a construção da identidade e, desse modo, a sala de aula pode influenciar a comunidade a apropriar-se de sua cultura e biodiversidade. A cartilha Seu Joaci e o tempo pode ser acessada pelo link https://issuu.com/catoesposito/docs/cartilha_seu_joaci.
R. Santo Agostinho, 266 - Guanabara, Joinville - SC, CEP: 89207-650
A partir de uma conversa sobre o currículo escolar e os materiais didáticos, que apesar de alguns avanços ainda apresentam uma narrativa histórica eurocêntrica, branca, masculina e heteronormativa, a comunidade escolar chegou à pergunta norteadora: onde estão as mulheres pretas na história? Assim surgiu o projeto que culminou na exposição Pretas Empoderadas, realizada na Escola Dr. Jorge Lacerda, em Joinville (SC). Estudantes e professoras(es) pesquisaram histórias de mulheres de origem brasileira, africana e haitiana, uma vez que existe um número considerável de imigrantes haitianos na escola. Diante da grande quantidade de mulheres mapeadas, foi preciso realizar uma seleção para aprofundamento da pesquisa, pautada em critérios de interdisciplinaridade e representatividade, chegando a 26 mulheres homenageadas. Algumas delas, atuantes no território onde se localiza a escola, envolveram-se ativamente no projeto, como Ana Lúcia Martins, a primeira vereadora negra de Joinville, e Alessandra Bernardino, militante do movimento negro em Joinville. O projeto Pretas Empoderadas pode ser acompanhado pelo Instagram @escola.inclusiva.